Cansei de me flagrar em circunstâncias em que eu jurava que havia ocorrido uma falha do cenógrafo na montagem do ambiente: tudo o mais poderia estar no lugar correto, mas não era para eu estar ali. Aí era um tal de listar os supostos culpados, lamentar a má sorte, um blablablá triste toda vida, sob o fundo musical de “Ó, Deus, como sou infeliz”. Muitas cenas depois, porque só o tempo é capaz de nos dar olhos que veem um pouco além das aparências, comecei a encaixar as peças daquelas tais circunstâncias e a perceber que estive exatamente onde eu me coloquei. Nem um centímetro a mais nem a menos. Eram os meus sentimentos, minhas dores pendentes de cura, minha resistência à mudança, minhas crenças equivocadas sobre mim, que me atraíam para aqueles cenários. Peças encaixadas, descobri que, no fim das contas, a roteirista o tempo todo era eu.
Se a história não me agrada, preciso aprender a reescrevê-la até que se torne parecida com a ideia que passa pelo meu coração. O roteiro só muda quando eu assumo a minha responsabilidade por ele e me trabalho para ser capaz de modificá-lo. Não adianta culpar o cenógrafo.
[Ana Jácomo]
4 comentários:
oooootimo texto.
Amei.
Sigo!
Adorei esse post, Bem interessante
Realmente é muito lindo o texto de Ana Jácomo. Parabéns pela escolha de postagem!
Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com
Mais um daqueles colóquios internos que fazem-nos acordar e ver que a vida é nos que fazemos e nao temos porque não vive-la a nossa maneira por mais que o roteiro seja desagradavel a nossos olhos e naquele momento. Adorei! Parabéns, Ana.
Arthur Kaiser
wwww.comererezareamar.blogspot.com
Postar um comentário